Vestir-se bem é como alimentar-se bem. Roupas e comida protegem nosso corpo, nutrem a nossa autoestima e a nossa saúde. Comecei a refletir sobre estilo e alimentação saudável quando, de fato, entendi a importância de ambos. Até então era sobrevivência. Vivi mais de 30 anos comendo sem consciência e, também, sem entender direito o sentido do meu estilo.
Até que me dei conta que me vestir poderia ser uma oportunidade de aperfeiçoar a minha comunicação - uma espécie de consciência sobre mim, meu trabalho, meus gostos e preferências.
Mas meu estilo não é fixo nem linear. Ele é transitório.
Como assim, transitoriedade, se estilo é pra ser algo estável?
É e não é.
Estilo é um percurso. Se adapta. Tende a variar dependendo do momento pessoal e econômico (idade, ormação, trabalho, cidade) e das nossas inquietações. Por muitos anos, a gente não tem informação, nem grana, nem consciência pra se expressar com propriedade. Não é mesmo?
O estilo de vestir que tenho hoje foi se constituindo ao começar a explorar looks para trabalhar como professora universitária. Queria transmitir credibilidade, mas não parecer careta. Comecei a testar possibilidades de uma mesma roupa, descobri a alfaiataria, a seda e as calças curtas. Adotei camisetas como clássicos, assumi os óculos como uma assinatura.
Depois da minha filha, fui ficando menos ousada em função da necessidade de praticidade. Simplifiquei tudo, vario pouco os acessórios e não uso estampas grandes. De repente, vi predominar no meu armário peças básicas com variações de cores. Não sou criativa e acho que meu estilo é básico.
Não é necessário nomear em uma palavra nosso estilo, porém. Importante é conhecer nosso corpo para aprender a fazer escolhas. Entender o que cai melhor e aquilo que nos deixa seguros. Nossos looks vestem nosso humor e nosso estado de espírito. E não tem problema ele mudar, tipo ter um estilo novo a cada dia. Eu mesma tinha um pré-conceito limitante de que estilo não muda. E hoje me atrevo a transitar entre estilos diferentes (clássico, casual, ladylike, rocker, trendy), entre meu humor e as peças que gosto.
Ter estilo é seguir uma linha que reforça nossa identidade, mas ela não é única. Somos tantas ao mesmo tempo. Vestir-se com estilo não tem a ver com ser monótono, tem a ver com seguir um fio condutor - mas que pode ser tanta coisa, inclusive a variação. Não é mesmo?
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